Mortes na construção civil, porque acontecem?
- Victor Costa
- 30 de jun. de 2010
- 4 min de leitura
Hoje o setor, segundo dados de 2008 dos ministérios da Previdência Social e do Trabalho e Emprego, é o 7.º no ranking de acidentes de trabalho entre as atividades econômicas, “perdendo” para respectivamente:
1.º) Indústria de Transformação,
2.º) Transporte, Armazenagem e Comunicação,
3.º) Comércio, Reparação de Veículos Automotores,
4.º) Objetos Pessoais e Domésticos,
5.º) Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração Florestal,
6.º) Atividades Imobiliárias, Aluguéis e Serviços Prestados às Empresas,
7.º) Construção Civil;
Entretanto, índice de óbitos e lesões incapacitantes é um dos maiores do país. Classificada em 4º lugar no ranking dos setores com a maior freqüência de acidentes de trabalhos fatais.
Por ano, 23,5 mil acidentes na construção civil são notificados ao Ministério do Trabalho, sendo em sua maioria decorrentes de condições inseguras, de inadequação dos equipamentos e da falta de informação e preparo dos envolvidos nas obras, de trabalhadores a engenheiros.
Diferente da indústria, onde quase sempre o operário trabalha com a mesma máquina e no mesmo setor, na construção, de maneira geral, principalmente no Brasil, onde o processo ainda é muito artesanal, fica quase impossível ao trabalhador obedecer às regras, quando de manhã cava uma valeta, à tarde levanta uma parede, e depois realiza serviços no telhado: tarefas tão diferentes exigiriam métodos, equipamentos e cuidados totalmente diversos.
O Diferencial do setor de construção civil em relação a outros é a diversidade de tarefas e a complexidade das obras, tanto pela quantidade de riscos, quanto por características particulares como: tamanho das empresas, duração e diversidade das obras, rotatividade da mão de obra e terceirização de forma precária.
Como podemos perceber em algumas manchetes de jornais citadas abaixo registramos 12 mortes de Dezembro a Fevereiro desse ano. E possivelmente esse número seja maior tendo em vista que os dados abaixo são apenas divulgados pela Mídia:
Belo Horizonte/MG - No dia 12 de março, um operário de 18 anos trabalhava na construção de um prédio residencial de oito andares em Belo Horizonte/MG, quando sofreu um acidente de trabalho. Segundo os bombeiros, ele fazia um muro de arrimo, quando a terra começou a descer sobre ele, soterrando-o e causando sua morte. Ele estava usando equipamentos de proteção e havia responsável técnico no local. A equipe que atendeu a ocorrência vai encaminhar a documentação necessária para a delegacia especializada em acidentes de trabalho para que o caso seja apurado. JÁ SÃO OITO TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL QUE PERDERAM A VIDA EM MINAS, NESTE ANO, SEGUNDO O SINDICATO DA CATEGORIA. NO MESMO PERÍODO DO ANO PASSADO, FORAM TRÊS MORTES. (Data: 12/03/2010 / Fonte: Globo Minas)
Caxias do Sul/RS - Na tarde de 23 de fevereiro, três operários caíram de uma altura de 50 metros enquanto trabalhavam na manutenção da central hidrelétrica Palanquinhos, no distrito de Criúva, interior de Caxias do Sul. Antônio Flávio de Oliveira Santos, de 20 anos, morreu na hora. Os outros dois operários foram hospitalizados. João Batista de Oliveira Rocha, 47, está na UTI, em estado gravíssimo. Daniel Lopes de Lima segue em observação. Em outro acidente, no fim da tarde, Jocir da Conceição Campos, de 34 anos, foi atingido por um pilar que caiu de um guindaste. Ele trabalhava na construção de um condomínio. NOS ÚLTIMOS CINCO MESES, ESTE É O QUINTO OPERÁRIO QUE MORRE EM ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE. Nos dois casos, a Polícia Civil vai abrir um inquérito para apurar as responsabilidades.(Data: 23/02/2010 / Fonte: Zero Hora)
Recife/PE - Após a morte de um operário, a auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Simone Holmes, embargou a reforma do Hospital Dom Pedro II. O operário morreu ao cair do primeiro andar do prédio, na noite do dia 10 de fevereiro. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil havia encaminhado um comunicado ao ministério solicitando a paralisação dos trabalhos por causa do acidente. A obra só será liberada quando a situação estiver regularizada, Simone afirmou que outros cinco casos de morte de profissionais do setor de construção civil em acidente de trabalho, neste ano, no Recife.
Em nota oficial, o hospital informou que o funcionário havia terminado o expediente e iria guardar as ferramentas de trabalho. Ele teria tentado entrar em uma sala pela janela, se desequilibrou e caiu de uma altura de 15 metros. Ele foi socorrido, mas não resistiu. (Data: 12/02/2010 / Fonte: G1 – Globo.com)
Brasília/DF - Dois operários que trabalhavam em uma obra em Brasília/DF foram soterrados na tarde do dia 4 de janeiro. Eles retiravam a concretagem de uma parede, em um buraco de aproximadamente quatro metros de profundidade, quando a terra cedeu. Um dos homens foi soterrado apenas pelas pernas e conseguiu sair, sozinho, do local. O outro morreu. Ao chegar ao acidente, o Corpo de Bombeiros tentou resgatar a segunda vítima, mas quando percebeu que ele estava morto, suspendeu a busca para não atrapalhar a perícia da Polícia Civil. Segundo o tenente coronel Rogério Santos Soares, comandante operacional do Corpo de Bombeiros, o acidente foi provocado por uma deficiência no escoramento da obra, aliado ao fato do solo de Brasília estar encharcado. "Isso podemos afirmar pela nossa experiência, agora só saberemos realmente as causa com o laudo da perícia", destacou.
Brasília/DF - O engenheiro Eduardo Pereira Cássio, 42 anos, morreu na manhã do dia 29 de dezembro ao cair do elevador externo de prédio em construção na CNB 13, lote 9, em Taguatinga Norte. Eduardo, que era o engenheiro responsável pela obra, fazia uma vistoria no local. De acordo com homens que trabalhavam na construção, o elevador travou no último andar do prédio. Desesperado, o engenheiro teria tentado descer pela estrutura do elevador, mas escorregou. A queda foi de uma altura de aproximadamente 16 andares. Policiais civis estão realizando a perícia no local. O acidente também será investigado pela Superintendência Regional de Trabalho. (Data: 29/12/2009 / Fonte: Correio Braziliense)
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