Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho – 5C’s
- Thiago Galeno - Site: http://meudds.com
- 13 de nov. de 2015
- 8 min de leitura
Olá amigos prevencionistas,
Como todos já sabem nosso objetivo é partilhar informação e experiências em nossa profissão. Por isso continuamos buscando parcerias e profissionais com excelência e comprometimento com a nossa luta. Sendo assim gostaria de apresentar meu mais novo amigo Thiago Galeno responsável pelo site meudds.com.
Neste artigo Thiago Galeno realiza uma nova abordagem em relação a um modelo de Teoria dos 5C’s, trazerndo este modelo para os olhos da gestão em saúde e segurança do trabalho de maneira mais simples.

Após essa leitura você será capaz de enxergar o processo de trabalho como um sistema complexo e poderá desta forma, ter uma gestão mais eficiente em relação a saúde e segurança do trabalho. Neste modelo de teoria 5C’s da gestão em SST, trataremos dos seguintes fatores:
Carga de trabalho;
Confiabilidade;
Capacitação;
Custos;
Cultura de segurança.
Com o entendimento destes aspectos, com certeza sua gestão em saúde e segurança do trabalho, será muito mais eficiente e certamente você irá alcançar maior sucesso em sua vida profissional, agregando valor ao seu trabalho e otimizando os resultados da empresa onde você atua.
Como sabemos os acidentes de trabalho nunca tem uma só causa. Com a evolução dos estudos e de todo entendimento voltado ao tema, não podemos mais aceitar ou nos darmos por satisfeito em uma investigação de acidentes cuja causa raiz seja apontada como “ato inseguro cometido pelo colaborador”. O velho ditado que diz que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, já não cabe mais, precisamos ter responsabilidade e analisarmos a causas dos acidentes profundamente, para desta forma, reduzir ou até mesmo eliminar as causas de acidentes em um processo ou organização.
O tão sonhado ACIDENTE ZERO não pode ser apenas uma frase bonita e desacredita, é possível sim alcançar este objetivo, e todo TST deve perseguir esta meta diariamente e para isso precisamos desenvolver uma série de habilidades e buscar aprendizado continuamente. Um Técnico em segurança do trabalho bem informado e atualizado, com certeza é um prevencionista bem sucedido.Todo acidente de trabalho possui uma causa raiz bem mais complexas, e precisamos entender, que todo processo de trabalho é desenhado e tratado como um sistema e não como um processo isolado.

Vamos agora tratar separadamente cada um dos 5C’s:
1º Carga de trabalho: Quando falamos em carga de trabalho devemos observar três aspectos importantes dentro deste processo:
Físico - Quando falamos em carga de trabalho envolvendo o aspecto físico, temos que nos fazer a seguinte pergunta: Como está o ambiente de trabalho ao quais os colaboradores estão expostos?
A partir desta resposta se inicia o trabalho e já temos muitos outros aspectos a observar como exposição a agentes nocivos como poeiras, vapores, ruídos, etc.
Outro ponto que podemos citar é ergonomia como anda a iluminação desses ambientes, ruído, adequação de mobiliário, postura ao executar tarefas, repetitividade, nível de fadiga ou demanda de força exigida, etc…É preciso garantir um ambiente saudável e um nível mínimo de conforto para que as tarefas sejam executadas da melhor maneira possível, gerando maior produtividade e minimizando os riscos de acidentes ou desenvolvimento de doenças ocupacionais. É nesta fase que devemos implementar as medidas de controle seguindo a hierarquia prevista na Norma Regulamentadora 09 adotando as medidas de caráter administrativo, de organização de trabalho, proteções coletivas e na impossibilidade de todas anteriores as medidas de proteção individual.

Cognitivo: O fator cognitivo, nem sempre é levado em consideração, mas, muitos trabalhadores tem adoecido devido a estes fatores, doenças como estresse, síndrome de pânico, e outras, tem se tornado cada vez mais comum, e se me cabe um palpite pessoal, sem dúvidas esses fatores serão um dos grandes desafios que nós técnicos em segurança / prevencionista teremos para lhe dar em um futuro que está cada vez mais próximo. Uma maneira simples que conseguirmos de certa forma um avaliação prévia sobre fatores cognitivos e realizando uma simples pesquisa de clima com algumas perguntas simples, porém, valiosas como por exemplo:
De que maneira você enxerga seu ambiente de trabalho? Monótono, estimulante, socialmente importante, adequado a seu nível de conhecimento, outros.

Desta maneira talvez seja possível entender qual a percepção do colaborador em relação ao seu trabalho e a partir deste ponto de vista podemos tomar novas ações para tornar o ambiente de trabalho mais adequado.
2º Confiabilidade: Em relação a confiabilidade devemos nos perguntar o seguinte: Quanto realmente o processo que foi desenhado é realmente confiável?
Ao responder esta pergunta devemos pensar em todos os aspectos incluindo a confiabilidade de maquinas, equipamentos, produtos utilizados (matérias primas e insumos), ou seja, levando em consideração as expectativas de 0 a 100 qual nível de confiabilidade a empresa tem obtido, qual a probabilidade de uma falha no sistema ocasionar um acidente? É preciso desenvolver ferramentas/ indicadores para que seja possível mensurar e buscar alternativas para maximizar os resultados. Neste momento, é preciso arregaçar as mangas ir para campo levantar dados, conversar com pessoas, observar os processos, questionar os métodos, ou seja, o profissional precisa realmente conhecer e dominar todo o processo.

Um fator extremamente determinante é o nível de confiabilidade humana inserido no processo. O colaborador designado para tal tarefa, tem os requisitos adequados para o cargo?
Eu diria que esta é a pergunta mais importante deste tópico e você precisa conseguir responder isso com clareza, se houver dúvida nesta resposta, com certeza você tem um ponto vulnerável em seu processo / sistema.
3º Capacitação: Bem, este é um tópico muito básico, mas, que precisa ser analisado cuidadosamente. Essa analise se iniciará antes da contratação ou após a contração no caso de uma mudança de função. Neste caso, o empregador poderá buscar pessoas já qualificadas / capacitadas ou este processo de capacitação acontecerá dentro da própria empresa. Independente do nível de capacitação e conhecimento do colaborador ou candidato a vaga, é necessário que a empresa treine este indivíduo para que eles entenda e atenda os requisitos da empresa. Por nós técnicos em segurança este é um fator crítico, e para minimizar as perdas em relação a este processo devemos implementar programas de treinamentos com as devidas periodicidades, lembrando, que ninguém sabe demais, todos temos algo a aprender ou a relembrar.
Destaco que a inexperiência e a autoconfiança são dois dos fatores que mais causam acidentes nas empresas. Muitas vezes esbarramos em um grande desafio quando falamos em capacitação, pois, logo imaginamos uma sala de treinamentos, lanche e tempo disponível que nem sempre temos ou que o empregador não está disposto a ceder, neste caso o que fazer? Devemos então pensar fora da caixinha, você pode capacitar uma pessoas a cada encontro formal ou informal, sabe aqueles cinco minutinhos falando de futebol, utilize para falar sobre as condições de trabalho envolvendo o ambiente de trabalho e as atitudes de cada colaborador.
Um simples Diálogo de Segurança pode trazer a um colaborador grande entendimento sobre determinado assunto ou tarefa. Para isso precisamos ser capazes de fazer DDS com qualidade. O DDS não pode ser monótono, devemos lembrar o básico que o próprio nome diz, é um Diálogo de Segurança, então todos os colaboradores precisam participar e se envolver, senão, poderíamos chamar de monólogo de segurança concordam?
Bom, falar em público é um grande desafio para todos, pesquisas mostram que a morte é a coisa que as pessoas mais têm medo e em segundo lugar vem o medo de falar em público.
Então meu amigo se você não se sente seguro, fica nervoso, tem aquele frio na barriga, você não é o único. A boa notícia é que existem técnicas que podem ajuda-lo a desenvolver esta habilidade.
4º Custos: Custos fazem parte da rotina de qualquer empresa, e uma empresa para ter sucesso precisa basicamente ter uma receita maior do que os custos gerados no processo produtivo. Os custos estão ligados desde o planejamento até a entrega do produto ou serviço ao consumidor final. Em relação a saúde e segurança do trabalho, cabe a nós prevencionista convencer e mostrar através de estudo e dados relevantes que o dinheiro investido em segurança do trabalho é um investimento e não um custo.
Essa pode ser uma tarefa bem complexa, o Brasil ainda engatinha quando falamos em prevenção, mas, já temos muitas empresas entendendo que uma adequada gestão de segurança só traz benefícios, reduzindo os custos provenientes dos acidentes de trabalho e trazendo mais receita através de aumento de produção e qualidade do produto.
Estudos recentes mostram que para cada R$ 1,00 investidos em prevenção, as empresas deixam de gastar R$ 4,00 que seriam gastos em decorrência dos acidentes ou afastamentos devido às doenças do trabalho. Vamos pensar nos custos que os acidentes de trabalho podem trazer a empresa: Paralisação do processo produtivo no momento do acidente, hora homem de todas as pessoas envolvidas para prestar primeiros socorros, transporte ao hospital, perda de tempo na produção devido a repercussão do acidente entre outros colaboradores, custa da hora homem de todos os colaboradores envolvidos nos processo burocráticos gerados como abertura de comunicado de acidente de trabalho, preenchimento de documentos internos, tempo perdido para apuração e investigação do acidente, pagamento dos primeiros 15 dias de afastamento do colaborador e muitos, muitos outros custos embutidos. Sem falar nos custos para família do colaborador afastado, perda de capacidade de produção, custos com treinamento para novos colaboradores para restabelecer a capacidade produtiva da empresa, custos com despesas médicas sejam elas pagas pelo empregador ou pelo sistema público.

Visto este cenário, fica claro que investir em prevenção é sim o melhor caminho, e ai entra o técnico de segurança que precisa conhecer todos estes aspectos e realizar um trabalho de qualidade para ter seu valor reconhecido pela empresa.
Para isso, o técnico em segurança precisa estar munido de conhecimento e ferramentas como checklist, treinamentos, formulários de verificação, modelos de gestão a serem implementados, o bom técnico em segurança está constantemente a busca de novos conhecimentos.
5º Cultura de segurança: A cultura de segurança só é disseminada quando a alta gestão entende e determina que a segurança do trabalho é fator fundamental para a manutenção e crescimento da empresa. Quando a alta gestão se compromete com essa questão, um efeito dominó acontece positivamente até o “chão de fabrica”, desta maneira as mudanças acontecem a aparecer. É preciso pensar na segurança do trabalho como um valor, um valor inestimável. Quanto vale uma vida, um dedo, um braço, a satisfação do chefe de família em gerar recursos para alimentar sua família?
Depois de transformado em valor, é necessário ter atitude e promover as mudanças necessárias, trabalhar o ser humano através dos processos e moldar seu comportamento. É preciso que todos tenham um comportamento seguro, é preciso quebrar paradigmas, mudar rotinas. Somente através do conhecimento do tema poderemos ultrapassar a barreira do “mas eu sempre fiz assim, e nunca aconteceu nada” para tudo existe a primeira vez.
Como sabemos segurança do trabalho também são números, a probabilidade está inserida neste cenário, um colaborador pode passar anos se expondo ao risco sem que seja desencadeado nenhum evento não programado (acidente) e em apenas um segundo o jogo vira e o acidente acontece.
Quando falamos em segurança do trabalho, não podemos simplesmente contar com sorte. Abaixo um vídeo muito interessante para esclarecer um pouco da questão da probabilidade de acidentes de trabalho.
Acredito plenamente em um modelo de gestão eficaz, é possível mudar o comportamento das pessoas, alterar as percepções de risco. A vida é muito frágil e valiosa, precisamos ser criteriosos ao lhe dar com ela.
É preciso realmente agir com prevenção e atuar diretamente nos desvios de segurança, desta forma a piramide não avança e teremos um gestão em saúde e segurança do trabalho muito mais eficiente.
Uma analise preliminar de risco – APR bem feita é essencial para conseguirmos lhe dar com os perigos existentes no dia a dia.
A aplicação da ANALISE PRELIMINAR DE RISCO é obrigatória pelas seguintes NR’s: NR 12, NR 20, NR 33, NR 35 e NR 34. NR-12 – SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NR 20 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS NR-33 – SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS NR-34 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL. NR-35 – TRABALHO EM ALTURA Ou seja, qualquer atividade que se enquadre nessas normas devem ter sua ANALISE PRELIMINAR DE RISCO elaborada e preenchida corretamente.
Vou deixar aqui um grade dica de um curso super interessante que todo profissional que trabalho com gestão de risco e prevenção precisa conhecer. Clique agora no link abaixo e fique por dentro dessa super dica.
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